
Artigo extraído do site out of the box
Por Joao Próspero
O imobiliário vive num ecossistema muito próprio que hoje, mais do que nunca, necessita de união. Em tempos de VUCA, como atingir tal união?
O que significa VUCA?
O termo VUCA é um acrónimo das palavras inglesas Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade). Foi utilizado pelo “U.S Army War College” na década de 90 para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria. Desde então tem vindo a ser utilizado por empresas, organizações, governos e instituições de ensino para descrever de maneira geral diferentes cenários desafiadores e complexos.
No cenário atual, fazer projetos com metodologias tradicionais usando cronogramas longos tornou-se inviável. Afinal de contas, de uma hora para outra as prioridades podem mudar e o que parecia importante pode-se tornar irrelevante.
Trabalhar com processos ágeis possibilita adequar o projeto à necessidade do mundo atual e criar metodologias para deixar o seu cliente satisfeito, já que as prioridades são constantemente questionadas e assim, se algo muda, basta realinhar a estratégia e evoluir.
No mundo de hoje não basta seguir um plano detalhado. Somos obrigados a sentir as mudanças na sociedade, realinhar o projeto para ir ao encontro da expectativa do cliente e aí sim continuar a evoluir.
O ano de 2020 ficará sempre associado não só ao surgimento e propagação do Covid19 mas também a uma mudança de mentalidades, as tais prioridades, da sociedade em geral. A segurança sanitária é posta em causa de tal forma que o distanciamento social se torna regra numa espécie que tem como principal característica a sociedade, “Ubi homo ibi societas” como referia Ulpiano (jurista romano do século III).
Neste contexto VUCA, levado ao extremo se adicionarmos questões políticas, económicas e ambientais, toda a sociedade tem o dever moral de se unir em prol de um futuro sustentável, económica e ecologicamente, num curto espaço de tempo.
Que desafios enfrenta o mercado?
Nos últimos anos, o imobiliário aliado à tecnologia tem sido uma combinação de sucesso. A criação de centenas de empresas especializadas na criação de tecnologia específica veio trazer eficácia e flexibilidade ao sector imobiliário através da inovação. Agora, as empresas que confiaram nestas inovações encontram-se na oportunidade perfeita para usar estas vantagens competitivas que lhes permite uma adaptação rápida e eficaz.
Actualmente, após análise de várias PropTechs a nível mundial, estas são as principais vertentes que se estão a desenvolver com o intuito de responder aos novos desafios:
Novas tecnologias de monitoramento de utilização de espaços;
Occupier experience (experiência do ocupante);
Segurança higiénica e sanitária, distanciamento social;
Sustentabilidade ecológica;
Mobilidade do futuro;
Transacções on-line End-to-end;
Agentes formados e com aptidões específicas para responder a novos desafios;
Apoiar as comunidades a amenizar os efeitos de uma crise económica.
O seguimento destas prioridades é garantido por uma multiplicidade de especializações que a indústria imobiliária reúne: o ecossistema imobiliário. Temos a mediação, a construção, as PropTechs, os produtores de materiais para a construção, a avaliação imobiliária, o marketing imobiliário, fundos imobiliários, e embora indiretamente, instituições bancárias e jurisprudência, assim como outros igualmente fundamentais para a indústria e o seu ecossistema.
O que fazer?
Nesse sentido sempre fui apologista de que exista e se fomente uma união saudável entre todas as vertentes do imobiliário para que este evolua de forma positiva e naturalmente. União fundada em valores éticos e morais, mas também em dedicação, profissionalismo e empreendedorismo dos seus intervenientes.
Este ano, globalmente, existe a possibilidade de revitalizar o investimento no imobiliário com oferta de soluções que vão ao encontro das prioridades acima descritas. E todas as especialidades desta indústria devem estar unidas e receptivas a novos modelos de negócio, parcerias, entreajuda. Essa forma garantirá a satisfação de quem no fundo sustenta a indústria: a procura.
Como criadores de novas soluções tecnológicas com o intuito de satisfazer os clientes da indústria imobiliária, estamos atentos a todas as vertentes. Verificamos que mesmo desenvolvendo todos os aspectos tecnológicos que atenuem os efeitos dos tempos desafiantes que todos passamos, rapidamente se conclui que a empatia e a entreajuda humana, neste caso dos profissionais, será o ponto crucial para fazer frente aos tempos complexos onde nos encontramos e que são modificadores de comportamentos, prioridades e segurança dos clientes da indústria imobiliária.
Em suma, dispomos da mais desenvolvida tecnologia, apoiada pela Inteligência Artificial. No entanto, sem a união e empatia dos profissionais em relação a uma entreajuda estratégica, os níveis de sucesso serão suprimidos na indústria imobiliária.
Temos de ver a indústria como um ecossistema onde todos dependem, de uma forma ou outra de outras especialidades do mesmo ramo, e dessa forma, apoiados pela tecnologia, os resultados podem ser surpreendentes e revitalizar o imobiliário.
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