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  • Writer's pictureRafaella Galardo

Arrendar casa é deitar dinheiro à rua

Muitos são aqueles que nem sequer ponderam arrendar uma casa. Para esses, é “deitar dinheiro à rua”. Talvez não seja bem assim.


Para muitos portugueses, arrendar uma casa é o mesmo que “deitar dinheiro à rua”. Não é sequer hipótese. Não constitui alternativa à compra de habitação própria e permanente.

A renda é 100% custo, 0% recuperável. Logo, arrendar uma casa só representa cash outflow, ou seja, saída de dinheiro. Gasto dinheiro sem qualquer forma de o vir a recuperar.

Já no caso da compra, há sempre a possibilidade de inclusive gerar uma mais-valia no futuro. E isso compensará os custos relacionados com a aquisição e propriedade: IMT, Imposto de Selo, IMI, manutenções, condomínios, etc.

A propriedade face ao arrendamento

De facto, Portugal é um país de proprietários. Dados do Eurostat referentes a 2019 apontam para que 73,9% da população portuguesa fosse proprietária da casa onde habita, ligeiramente acima da média europeia.


Tem sido assim nas últimas décadas. Os números disponíveis no INE mostram uma preferência pela propriedade desde os anos 80 do século XX. Se em 1981, cerca de 57% dos alojamentos familiares clássicos de residência habitual eram ocupados pelos proprietários, esse valor cresceu para 73% nos últimos censos de 2011.

O arrendamento de casa em Portugal é tarefa difícil. Um mercado praticamente inexistente, com muito pouca oferta e políticas completamente desadequadas. Junte-se uma legislação difícil e uma fiscalidade pouco atrativa, adicione-se um crédito abundante e barato e todos os condimentos estão preparados para a compra. E não é de hoje. É de há muitos anos a esta parte.


A noção do custo de oportunidade

A maior parte esquece a noção de custo de oportunidade. Comprar uma casa tem o custo de não se disponibilizar o dinheiro investido, que não terá retorno periódico, numa alternativa que o possa ter.

Se em vez de investir 100.000 euros numa habitação própria, procurar um investimento que me garanta algum retorno, e com esse retorno pagar a renda (ou parte dela) de um arrendamento, cumpro dois objetivos: investir capital, obter retorno desse investimento e ter uma habitação permanente (no caso, arrendada).

É certo que a aquisição de habitação própria e permanente, apesar de ser para uso pessoal, é também um investimento. Porventura, o maior investimento que qualquer português faça ao longo de toda a sua vida. E enquanto investimento, tem de dar retorno, retorno esse que não deve ser apenas medido pela satisfação pessoal por via do uso.

E comprar com recurso a crédito?

Muitos olham também em exclusivo para o dinheiro pago numa prestação bancária, comparando esse montante com o valor despendido numa renda. Como em Portugal a esmagadora maioria das rendas são superiores à prestação que se paga a um banco pela compra, a resposta fica automaticamente encontrada.

Na verdade, pode não ser exatamente assim.

Há que contar, desde logo, com os impostos sobre a compra. Na verdade, para casas de um certo valor, já mais elevado, só o custo com o IMT na compra pagaria alguns meses largos de renda.

Sem falar, naturalmente, da possibilidade – que existe sempre – de desvalorização da casa que se compre. E nesse caso, a perda será futura, apenas no momento da venda, perda essa que pode inclusive ser superior ao valor pago em rendas no mesmo período temporal.

Sobretudo, faça contas!

Importante mesmo é saber fazer as contas. Tanto por comparação de cash-flows entre a propriedade e o arrendamento, como também pelo custo de oportunidade na compra.

E a decisão entre comprar ou arrendar, na realidade, não se cinge aos números. É uma decisão financeira, por certo, mas existem igualmente outros fatores de cariz mais qualitativo que também deverão pesar na tomada de decisão final.

Mas isso ficará para um próximo artigo.

Bons negócios (imobiliários)!


fonte: doutor finanças

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