Em 2019 o cliente comprador via em média 9 casas antes de comprar e em 2020 esta média situa-se na visita de 3 a 4 casas antes da assinatura do (Contrato de Promessa Compra e Venda.
Por Massimo Forte para Visão
O mercado imobiliário é um mercado que reage de forma lenta a qualquer impacto. Em plena crise pandémica Portugal, e segundo dados do INE do final do 3º trimestre de 2020, a verdade é que se verifica uma tendência generalizada de subida de preços estando os preços medianos na habitação em Portugal 10% acima dos valores registados 12 meses antes. Apenas em Lisboa se sente de facto uma desaceleração com uma quebra mínima, mas será que os números dizem tudo?
Nesta fase é muito importante analisar as pessoas e os seus comportamentos e perceber se estão motivadas para comprar, vender ou arrendar, se estão motivadas para mudar ou se estão paralisadas à espera do desfecho que se prevê mais lento do que o desejado.
Segundo um estudo da NAR (National Association of Realtors, a maior associação profissional de agentes imobiliários dos Estados Unidos), apresentado no 3º trimestre de 2020 e baseado em dados comportamentais do mercado norte-americano, achei que seria interessante observar como o maior mercado imobiliário do mundo está a reagir para eventualmente prevermos o que poderá impactar o nosso.
1. Os clientes compradores estão a acelerar a sua compra. Em 2019 o cliente comprador via em média 9 casas antes de comprar e em 2020 esta média situa-se na visita de 3 a 4 casas antes da assinatura do (Contrato de Promessa Compra e Venda (CPCV). O tempo médio de venda verifica-se agora no espantoso número de 24 dias.
2. A lista dos seus desejos está a mudar. As prioridades das características associadas à habitação está a mudar, por exemplo, espaços exteriores, local para escritório, maior área, especialmente na cozinha, são algumas das características que têm tipo maior procura. Saindo de zonas e tipologias mais citadinas a piscina, jardim, espaço para ginásio ou apenas mais espaço exterior estão no topo das preferências. Muito importante, acesso a rede de internet de qualidade é essencial.https://2915e75b88f90a8bef5b5a0c56de46ad.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
3. A distância já não é um problema. À medida que o trabalho remoto aumenta e se assume como uma tendência que será mantida, a distância deixa de ser um entrave para a compra de habitação fora dos grandes centros, com oportunidade de acesso a mais benefícios e características desejadas por menor valor. A procura por segunda casa em zonas rurais pode igualmente aumentar.
4. Lares multigeracionais podem tornar-se numa realidade. Pais em idade avançada com filhos jovens adultos reuniram-se novamente debaixo do mesmo teto. Pode significar a procura por uma casa maior e mais funcional para todos. Definitivamente, há desejo de proximidade dos mais jovens à sua família nuclear. A verdade é que a razão da mudança antes da pandemia era normalmente despertada por um novo trabalho, casamento ou nascimento e hoje, em plena pandemia, a mudança é motivada cada vez mais por compradores mais jovens que querem estar perto dos seus familiares ou amigos para se poderem apoiar mutuamente.
5. Por incrível que pareça, os animais de estimação podem ditar uma decisão de compra. A procura por um amigo de quatro patas disparou com a pandemia, seja por necessidade de companhia, ou porque as crianças necessitavam de um novo foco e alento e, neste momento, a casa pode deixar de estar adaptada ao novo membro da família o que motiva a procura e desejo de mudança. Segundo a NAR, 43% dos participantes no estudo efetuado em 2020 sobre tendências – “Animal House: Pets in the Home Buying and Selling Process” – afirmam que estariam dispostos a mudar de casa por causa do seu animal de estimação para garantir mais espaço ou espaço exterior com vedação, no fundo, para garantir melhores condições para que todos se sintam bem.
6. Uma onda de compradores de primeira casa pode estar para emergir. Os consumidores podem mostrar maior grau de comprometimento para com a sua primeira casa em detrimento do comprometimento com relações a longo prazo. Nos anos 80, 75% dos compradores de primeira casa eram casados ou recém casados; em 2019 esta percentagem situou-se nos 53 por cento. Os jovens hoje esperam mais tempo para assumir uma relação de longo prazo e, em 2019, a NAR registou o número mais elevado de casais que compram pela primeira vez sem estarem casados, cerca de 17%. Outro dado importante, há cada vez mais a tendência de compra entre pessoas amigas que partilham casa, juntam as suas poupanças e avançam para esta decisão. Não é ainda um público representativo (4%), no entanto é a percentagem mais alta verificada até agora. É sem dúvida uma tendência em crescimento, particularmente no que diz respeito à procura por casas mais acessíveis e mais afastadas do centro por não estarem agora tão dependentes dos transportes públicos para se deslocar para o seu trabalho que, na realidade e em muitos casos, pode ser feito a partir de casa.
7. Atuais proprietários com mais de 10 anos de casa, podem estar neste momento a pensar em mudar. Nos anos 80, a mudança de casa e de zona dava-se dentro de uma média de 6 anos, atualmente esta média aumentou, as pessoas tendem a manter a sua habitação por mais tempo seja por razões económicas ou sociais. Com a pandemia e confinamento, o sentimento de conforto deixou de ser o mesmo e pessoas satisfeitas com o seu lar começaram a aperceber-se de outras necessidades que não existiam antes e que hoje são cada vez mais importantes para si, espaço e conforto estão no topo das prioridades. Neste momento podem estar ainda numa fase de pensamento, mas brevemente tomarão uma decisão de mudar para uma casa que os faça mais felizes, onde se sentirão mais confortáveis. Afinal, a casa é hoje um dos pilares mais importantes da nossa vida.
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